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Desafios e Benefícios da Implementação do Custeio Integrado a Contabilidade

Explorando os desafios e benefícios da implementação do custeio integrado à contabilidade. Descubra como essa estratégia impulsiona a gestão financeira.

Por Alexandre Weisheimer
Arquiteto de Soluções

Desafios e Benefícios da Implementação do Custeio Integrado a Contabilidade

Para sobreviver em mercados cada vez mais competitivos, as empresas precisam perseguir e alcançar níveis ótimos de qualidade, eficiência e produtividade, eliminando desperdícios e reduzindo custos. Assim, é imperativo que os gestores detenham informações precisas, tempestivas e atualizadas para um apoio eficaz ao processo decisório.

Isso pode parecer óbvio à maioria dos gestores atualmente, mas, em função desse significativo aumento de competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, os custos tornam-se altamente relevantes quando da tomada de decisões em uma empresa. Assim, a Contabilidade moderna vem criando sistemas de informações que permitam melhor gerenciamento dos custos, em consonância com os objetivos estratégicos das organizações, e uma dessas principais metodologias é o Custeio Integrado.

No Brasil, a legislação tributária, conforme disposto no Regulamento do Imposto de Renda (RIR), exige que as empresas industriais disponham de um sistema de Custos integrado e coordenado com a Contabilidade. Com isso, a contabilização das atividades produtivas requer que os lançamentos dos custos de produção sejam coincidentes com a escrituração oficial da empresa. Assim sendo, integrar e coordenar um sistema de custos ao restante da escrituração significa, em última análise, é fazer com que seja parte do sistema contábil, onde seja possível identificar, em ambas as dimensões, e em detalhes, a lógica de cálculo, distribuição e acumulação dos valores que irão compor o custo de produção.

O RIR, bem como os princípios contábeis, exige que as indústrias utilizem a técnica de custeio por absorção para avaliação dos produtos fabricados. Custeio por absorção implica em que todos os custos inerentes à produção, ou seja, todos os gastos incorridos em um determinado período, necessários à fabricação dos produtos, sejam contabilizados como custos dos estoques.

Aqui, normalmente, estabelece-se o ponto de confusão entre conceitos e métodos. A técnica de absorção não é um princípio contábil propriamente dito, mas uma metodologia decorrente deles, nascida com a própria Contabilidade de Custos. Outros critérios diferentes têm surgido através do tempo, mas esta é a técnica adotada pela Contabilidade, válida tanto para fins de Balanço Patrimonial como para Demonstração de Resultados e, também, na maioria dos países, para Balanço e Lucros Fiscais.

Figura 1 - Esquematização da lógica do Custeio por Absorção em empresas de Manufatura
Figura 1 - Esquematização da lógica do Custeio por Absorção em empresas de Manufatura

Portanto, deve-se entender que, com o passar do tempo, a técnica confundiu-se com o conceito, e onde hoje muito fala-se sobre Custeio por Absorção como um conceito, devemos ter em mente que a lógica de absorção é que, na verdade, foi aplicada como metodologia à Contabilidade.

 

A figura 1 apresenta esquematicamente a lógica do Custeio por Absorção nas empresas de Manufatura.

A premissa básica para esse método é separar custos de despesas. Aqui temos um dos principais desafios a enfrentar nesse processo: a difícil separação, na prática, de custos e despesas.

Teoricamente, a separação é fácil. Os gastos relativos ao processo de produção são custos, e os relativos à administração, às vendas e aos financiamentos são despesas.

 

Na prática, entretanto, uma série de problemas aparece pelo fato de não ser possível essa separação de forma clara e objetiva. Buscando uma forma de minimizar esses problemas, surgiu a prática de se ratear gastos, utilizando-se de critérios, na maioria das vezes, subjetivos, nessa prática.

 

Onde identifica-se que uma parte apenas do gasto deve ser tratada como custo e, consequentemente, esse deve ser absorvido pela produção, aí é que deve entrar em cena um critério de rateio para esse gasto. O grande desafio é definir uma lógica coerente e consistente para os rateios necessários. 

Figura 2 - Esquema básico do Custeio por Absorção
Figura 2 - Esquema básico do Custeio por Absorção

Quaisquer formas de distribuição contêm, em maior ou menor grau, certo subjetivismo, e o ponto chave para o sucesso ou fracasso da implementação do Custeio por Absorção reside em reduzir esse grau de subjetivismo.

 

A figura 2 apresenta o esquema básico do método, com a separação de custos e despesas, a apropriação dos custos diretos aos produtos e o rateio dos custos indiretos.

Assim sendo, o esquema básico é:

 

  • Separação entre Custos e Despesas;
  • Apropriação dos Custos Diretos diretamente aos produtos;
  • Rateio dos Custos Indiretos.

 

Os custos incorridos num período só irão integralmente para o Resultado desse mesmo período caso toda a produção elaborada seja vendida, não havendo, portanto, estoques finais. Já as despesas ? de Administração, de Vendas, Financeiras etc. ? sempre são debitadas ao Resultado do período em que são incorridas: assim é que funciona o Custeio por Absorção.

 

Além dos desafios de ordem técnica, relacionados à lógica do Custeio Integrado, encontramos também questões relacionadas aos modelos mentais normalmente ''enraizados'' nas organizações, onde o principal é delegar ao ''sistema'' a responsabilidade sobre o sucesso do processo como um todo. Ouvimos dizer que um sistema não é somente um conjunto de normas, fluxos e rotinas, mas um conjunto de pessoas, mas, na maioria das vezes, esquecemo-nos disso. O Custeio Integrado não é uma exceção, dependendo primordialmente de pessoas para o alcance de seus objetivos, e não de números, papeis e rotinas.

 

Devemos compreender que nenhum sistema, por si só, é capaz de resolver todos os problemas que se apresentam, e que é necessário, para que o mesmo atinja sua capacidade de funcionar como instrumento de administração, de desenvolvimento e aprimoramento contínuo, e esses requisitos somente são alcançados através das pessoas.

 

Já os principais benefícios que podemos destacar na implementação e uso do Custeio por Absorção são:

 

  • Atende integralmente a legislação tributária;
  • Possui integração com a Contabilidade;
  • Através de sua lógica, permite a apuração consistente do custo total de cada produto;
  • A partir de sua implementação, promove amadurecimento contínuo dos processos de negócio envolvidos na gestão de custos, através do arcabouço de conceitos e regras contidos em seu modelo, promovendo a evolução da gestão como um todo;
  • Possui aderência tanto aos modelos de produção contínua quanto por processos, garantindo o custeamento dos produtos independente do modelo de produção utilizado.

 

Assim sendo, devemos ter ciência de que projetos com essa envergadura envolvem a coordenação de muitas variáveis, devendo ser realizados de maneira consciente e monitorada, e suportados por um sistema de gestão empresarial. A implementação do Custeio Integrado conduz a uma nova maneira de organizar o negócio da empresa, sendo um espelho de sua gestão, alinhado a seus processos e estratégias. O sucesso e o futuro retorno de um projeto de Custeio Integrado dependem de que a empresa, na figura de todos os seus recursos humanos envolvidos, entenda essa realidade e aceite promover as mudanças culturais e estruturais necessárias.

 

Concluindo, saiba que o ERP CIGAM está totalmente preparado para atendê-lo nos requisitos e regras de negócio do Custeio Integrado, garantindo facilidade e produtividade em todos os processos envolvidos.   

 

Referências:

1)    Filho, Cosmo F.; Melo, Janaína F. M. Desmistificando as Limitações do Uso do Custeio Por Absorção. Contabilidade Vista & Revista, v.17, n.3, p.11 ? 24, jul./set. 2006.

2)    Martins, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9ª ed. Ed. Atlas. São Paulo, 2003.

3)    Neto, Aderson C. S. et al. Contabilidade de Custos. Ed. IOB/Sage. São Paulo, 2014.   

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