#016 Soft Skills

PODCAST
#016 Soft Skills: o que são e como impactam no dia a dia das organizações

Em 2020, a Robert Half - empresa especializada em recrutamento - entrevistou mais de 1500 executivos com o objetivo de compreender quais habilidades, competências e comportamentos estão sendo mais demandados pelos gestores. A pesquisa revelou que mais de 50% dos entrevistados acreditam que as Soft Skills se tornaram essenciais para lidar com as incertezas e o estresse associados ao momento atual.

Para entender melhor o assunto escute o episódio #16 do Gestão em Minutos que contou com a presença de Janice Steffen analista de Recursos Humanos da CIGAM e Ana Kaspar, consultora de empresas em Gestão e RH, ou leia a matéria na íntegra.

O episódio está disponível aqui no blog e também nos canais de streaming: Spotify, Deezer e Soundcloud.

Primeiramente, é importante dividir o termo. Skill vem do inglês e é usado para designar a capacidade de agir e concretizar algo de forma rápida e eficiente. Pode-se dizer que são as aptidões, o jeito e a destreza aplicados por cada pessoa em uma determinada tarefa.

A partir daí surge o termo Soft Skills que nada mais é do que competências relacionadas à personalidade e o comportamento profissional de cada indivíduo.  São aptidões mentais, sociais e emocionais, habilidades particulares de cada pessoa.

O termo soft skills começou a ser valorizadas no mercado de trabalho a partir dos anos 2000, onde as empresas começaram a entender que seu principal meio de competitividade estava nas pessoas e não nas máquinas.

Até então, o foco sempre esteve na velocidade e padronização de processos que as máquinas poderiam oferecer, as pessoas eram consideradas recursos anexos às máquinas. Porém, a partir da Indústria 3.0 o foco dos negócios começou a se voltar para o consumidor, que passou a exigir produtos e atendimentos personalizados. E foi a partir daí que a criatividade e o conhecimento das pessoas começaram a ser valorizados.

Ainda segundo a pesquisa as principais competências comportamentais que estão em alta, nesse cenário de pandemia são: pensamento estratégico, comunicação, agilidade, pensamento criativo e liderança. Para Janice Steffen, analista de Recursos Humanos da CIGAM a capacidade de se comunicar e trabalhar em equipe estão no topo desta lista. ‘Hoje, ninguém mais trabalha sozinho e por isso é necessária uma boa habilidade de comunicação, desde interação entre pares, quanto entre lideranças e liderados, para que se obtenha um bom resultado,’ comenta.

Outro ponto importante de ressaltar é a capacidade de liderança, que também é uma habilidade fundamental, e aqui não estamos falando apenas em liderança formal, mas da habilidade de liderar atividades, pequenos times, pequenos projetos. ‘Falamos tanto em um novo perfil profissional, de pessoas que tenham iniciativa, que assumam as rédeas de suas carreiras. Todas essas competências são importantes e se conectam neste novo perfil profissional’, reforça Steffen.

Mas a dúvida que fica é: soft skills podem ser desenvolvidas?

Peter Schutz - ex-presidente e CEO da Porsche costuma dizer: "Contrate o caráter e treine as habilidades" e isso tem tudo a ver com as soft skills que são muito mais difíceis de serem modificadas porque normalmente estão relacionadas às nossas crenças. Diferente das hard skills que estão relacionadas ao nosso conhecimento técnico e este sim, é muito mais fácil de ser desenvolvido.

Entretanto, apesar de mais difícil, elas podem sim ser desenvolvidas. Somos seres humanos, e estamos em constante evolução. Se o profissional está disposto e aberto ao desenvolvimento comportamental, com certeza isso acontece e neste ponto a inteligência emocional torna-se uma soft skill valiosa. A Inteligência emocional nada mais é do que a capacidade de, mesmo diante das emoções variadas que sentimos, nos autorregular e modificar os comportamentos e ações frente as situações, tanto profissionais quanto pessoais.

Daniel Goleman, psicólogo expert no assunto e autor do bestseller Inteligência Emocional defende que muitos dos circuitos cerebrais da mente humana são maleáveis e podem ser trabalhados, então podemos sim desenvolver esta habilidade de se auto gerenciar e modificar comportamentos. E é aqui que o feedback se torna essencial.

Ana Kaspar, consultora de empresas em Gestão e RH afirma que o feedback é uma ferramenta poderosa e aliada ao desenvolvimento profissional das nossas habilidades, principalmente quando nos abrimos para esta escuta. Outros caminhos interessantes são ajuda profissional psicológica, mentorias, testes de personalidade, cursos de desenvolvimento e até mesmo meditações que busquem criar esta conexão e percepção de si mesmo, pois é "através desta auto-observação que iniciamos este processo de desenvolvimento das soft skills e dos nossos comportamentos", complementa. 

Impacto nas contratações e demissões
Um ponto de reflexão importante é que se olharmos para o que o mercado de trabalho vem exigindo em termos comportamentais, estaremos frente à um perfil impossível de ser encontrado pois são exigidas tantas soft skills em determinadas vagas que este perfil somente seria encontrado em super-heróis ou com a junção de diversos profissionais. Da mesma forma que, segundo pesquisas, são justamente estas habilidades que provocam os desligamentos e conflitos dentro das empresas.

Neste sentido, é importante estar ciente de que não existe uma pessoa que possua todas as soft skills bem desenvolvidas ao mesmo tempo e sim pessoas que possuem algumas mais desenvolvidas que outras. Por isso que para não inviabilizar um processo seletivo é muito importante a empresa e o RH terem clareza de quais habilidades são as mais importantes para o cargo e quais são as desejáveis.

Além disso, um modelo de trabalho que vem funcionando bem são os ‘squads’. Pequenos grupos multidisciplinares e com objetivos específico, onde a proposta é juntar pontos de vista e percepções diferentes que somam e resultam em agilidade e inovação para as empresas. E assim o super-herói vai sendo construído, através do conjunto e da soma das partes na prática!